segunda-feira, 19 de março de 2012

FIM DO PRECONCEITO?

Nos últimos dias, o vídeo de uma campanha realizada no México rapidamente atraiu o olhar de milhões de pessoas no mundo todo para uma preocupação alarmante: o preconceito racial. Através de um experimento proposto por psicólogos, foi analisado como crianças mexicanas veem os negros.

Saiba mais sobre o vídeo em questão e ouça algumas considerações sobre o tema na análise abaixo:


Abaixo, o vídeo da campanha:

 
Caso queira ler o áudio:

Você se considera preconceituoso?     

Muita gente responderia que “não”, mas o que falamos pode ser diferente do que pensamos.
 
A maioria da população do México também responderia “não” a essa pergunta, mas não é o que pudemos perceber nos últimos dias com o vídeo viral que o CONAPRED (Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação) divulgou no México e que recebeu cerca de dois milhões de acessos no YouTube, despertando uma polêmica antes esquecida: o preconceito contra os negros ainda existe?

 No vídeo, é retratado um interrogatório com algumas crianças do país, que respondem a perguntas que têm como tema dois bonecos de bebês posicionados em cima de uma mesa em frente a elas. Como um boneco é negro e o outro é branco, a entrevistadora começa o questionário pedindo para as crianças identificarem qual boneco é o negro e qual boneco é o branco.

Ao decorrer do interrogatório, as crianças devem responder qual dos bonecos tem cara de mal, qual é mais feio e de qual boneco elas gostam menos. E a escolha das crianças é unânime: o negro.

Ao serem questionadas sobre o porquê de suas escolhas, na maioria das vezes, há uma mesma resposta: "Porque ele é negro". Algumas crianças chegam a afirmar que os negros não lhes passam confiança, que não gostam dessa cor ou que eles são maus apenas por serem negros.

Este experimento, reproduzido pela CONAPRED, foi criado pelos psicólogos Kenneth e Clark, em 1940, para estudar a atitude das crianças com relação à raça.

A CONAPRED, que é um órgão público criado em 2003 para prevenir a discriminação, nunca havia questionado se os mexicanos eram racistas até a realização de uma pesquisa nacional em 2011.

O levantamento apontou que 55% dos entrevistados acredita que no México as pessoas insultam "muito" ou "um pouco" as outras por sua cor de pele, e isso se manifesta na reunião de frases carregadas de racismo que são usadas cotidianamente no país, como: "Não fique no Sol ou você vai ficar mais morena" e "O bebê nasceu moreno, mas é lindo".
 
Comumente, são feitas distinções desvantajosas em relação à cor da pele e, além disso, são buscados mecanismos reais e simbólicos de branqueamento. Entre eles, estão os cremes e tratamentos estéticos para clarear a pele, e a publicidade, na qual sempre se representa o branco como desejável e bem-sucedido. Até mesmo na propaganda eleitoral é comum a prática de, literalmente, branquear os candidatos.

O presidente da CONAPRED afirma que a intenção da campanha não era provar que o México é racista, mas tentar iniciar um debate, e acrescenta que muitos mexicanos nunca haviam se questionado sobre o assunto. Mas o preconceito chega a tal ponto que a agência de publicidade, que fez o vídeo da campanha, encontrou dificuldades para adquirir bonecos com a pele escura nas lojas de brinquedos mexicanas.

Talvez seja hipocrisia ficar horrorizado com o vídeo do México, como muitas pessoas se mostraram, pois o preconceito no mundo todo ainda está longe de ter acabado.

O racismo é uma pré-concepção segundo a qual as diferenças biológicas entre os seres humanos são valorizadas, e se atribui superioridade a determinados grupos. A crença de que existem raças superiores e inferiores foi muitas vezes usada para justificar a escravidão, o domínio de povos, genocídios e a criação de um complexo de inferioridade, o que faz com que muitos povos se sintam inferiores a outros.

Atualmente, o racismo é considerado uma visão equivocada da biologia humana ao expressar o conceito de ‘raça’, que não tem sentido por não haverem diferenças genéticas suficientes para dividir os seres humanos desse modo. As ciências humanas como a Antropologia, História e Etnologia nem se utilizam mais desse termo, preferindo o uso do conceito de ‘etnia’ para descreverem a composição de povos e grupos culturais.

Ninguém fala abertamente que tem preconceito, porque é mal-visto – pega mal. Mas e você, o que responderia às perguntas do vídeo?

2 comentários:

  1. Não conhecia esse video ainda, entretanto eu gostei muito do que vcs disseram sobre ele, PARABÉNS Kelly e Eder ficou muito bom!!!

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  2. Enquanto eu assistia eu pensava: "Tão pequenos e já são tão burros..." (será que fui preconceituoso por pensar assim)?

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